domingo, 28 de agosto de 2011

DO CONSELHO DOS NOVES-VIDENTES DE CRONOS E SOLIDIFICATI

Para Despertar, você precisa saltar das percepções mortais para as imortais. E nenhum magus compreende tão bem as percepções e suas alterações como os Videntes de Cronos. Intitulados em homenagem ao titã do tempo, esses feiticeiros excêntricos não se preocupam com costumes e preconceitos. O medo é a primeira coisa que some com a chegada de um Sahajiya; outras coisas — inibições, roupas, sanidade — muita vezes vêm em seguida.

A Igreja e a sociedade repudiam o corpo; as paixões são o legado do homem para a Queda. Os Videntes — ou Sahajiya (basicamente, "Naturais"), como muitos se denominam — acreditam no oposto. Em sua lógica extravagante, mesmo as paixões mais sombrias são Divinas. Através delas uma pessoa pode observar a Criação como se fosse um deus. A partir dessa perspectiva exaltada, um magus pode ver um tecido infinito que liga todas as coisas. Para os Videntes, a Criação é algo vivo, que eles afirmam amar — muitas vezes da forma mais carnal possível! Para abrir essa Trilha para a divindade, os Videntes entregam-se a todos os vícios imagináveis — uma prática que os coloca apenas um degrau acima dos demônios na avaliação da maioria de seus companheiros (e um degrau abaixo dos anjos entre aqueles que desejam aproveitar tal licença).

Os assim chamados Extáticos ocupam lugar estranho no Conselho. Por mais assombrosas que sejam suas práticas, os Videntes possuem dons de profecia, compreensão e empatia aos quais nenhuma seita pode se equiparar. Foi seu maior mestre, Sh'zar, que invocou a reunião; seus companheiros mais próximos, os três Divyas — Tali, Akrites e Kalas -, ajudaram a reunir os magi. Embora sua sociedade seja extraordinariamente desagregada, há centenas de Videntes. Mesmo o mais simples entre eles vê o passado e o futuro recente, e seus mestres são literalmente capazes de mover o tempo — um feito que a maioria dos magos considera impossível! Por isso, apesar de sua reputação maligna (ou às vezes por causa dela), os Sahajiya sempre parecem terminar numa posição de destaque na mesa.
Como a maioria dos magi, os Videntes afirmam ter herdado as Artes mágikas mais antigas. Pode-se traçar a origem de suas seitas até a índia e a Grécia antigas, em que tântricos, bacantes e siddhu enlouquecidos dançavam noite afora. Não é uma surpresa o fato de seu grupo compartilhar uma amizade antiga com os Chakravanti; Sh'zar é fundamental para a aceitação daquela Tradição. No entanto, até pouco tempo os próprios Extáticos dificilmente podiam ser chamados de seita"; seus devotos reuniam-se em grupos pequenos, mas nunca se esforçaram para unir-se — até o Vidente.
Se acreditarmos nas lendas, Sh'zar viveu muitas gerações e fez mais em uma do que a maioria dos homens poderia fazer em cinco. Dizem que ele viajou por todo o mundo conhecido com poderes espantosos de persuasão e previsão. Devoto da paz, ele derrotou muitas seitas guerreiras com carisma, eloqüência e nuvens prodigiosas de haxixe.

Embora renomado por suas profecias, sua maior Arte consistia em unir diversas pessoas. Ao compartilhar seu amor e sua dor, ele convencia muitos a dividir aquela e deixar de causar esta. Seus seguidores preferem esse método à violência aberta, e muitas vezes criam "rodas de punição" empáticas, reunindo um atormentador e sua vítima para demonstrar a dor que ele causou. Apesar dos ideais de Sh'zar — incorporados no Código de Ananda, os mandamentos dos Extáticos — alguns de seus seguidores são extremamente perigosos. Quando a "paixão" torna-se a chave para a divindade, mesmo o maior dos magi é obrigado a ficar de olho em seu rebanho.
Como profetas, os mestres Videntes têm uma habilidade não invejável de ver o que está para acontecer. Durante a Grande Traição, eles serão desgraçados; um livro de Tali Eos, As Nove Paixões Sagradas, irá redimi-los de certa forma, mas os Extáticos serão tratados com hostilidade a partir de então. Apesar da profecia sombria, esses magi buscam apaixonadamente o futuro, beijam-no e seguem adiante.

Um demônio para alguns, um santo enlouquecido para outros, o Sahajiya brilha com uma chama interior. Mesmo distantes de seus vícios, ele é anormalmente perceptivo, eloqüente e muitas vezes bem instruído. Ele defende suas Artes com uma lógica tão complexa, e ao mesmo tempo tão simples, que deixa os mestres Herméticos confusos. Para ele, os limites da mortalidade, da forma e do tempo são ilusões. Quando você deixa de acreditar neles, eles desaparecem e permitem que você Desperte.

Filosofia: O mundo é algo vivo. Ele chora, ele canta, ele ama, ele destrói, tudo sem conter-se. A Criação é vasta demais para a visão mortal. Nós a tratamos como uma amante e nos juntamos à sua alegria e dor eternas. A paixão é um direito Divino e nos leva a essa Trilha. Mas nunca se esqueça de que todo homem pode criar ondas no mar. Para amar o mundo, você deve evitar a malícia e a desatenção. Há dor suficiente no mundo do jeito que as coisas estão; criar mais é cuspir no rosto de sua amante e rir com suas lágrimas.

Estilo e Ferramentas: A Trilha da Paixão tem muitos caminhos. Alguns Extáticos são verdadeiros íncubos e súcubos, outros cercam-se de bebidas e drogas. A maioria dos Extáticos dança, canta e medita em posições estranhas, e alguns rejeitam todos os vícios e punem-se de forma dilacerante. Alguns fazem tudo isso e deixam as paixões se manifestarem de acordo com sua vontade. Quando o feitiço um Extático toma forma, o mundo parece girar, derreter e sumir; uma visão fantástica toma seu lugar — uma terra divina girando ao som de Shiva e Kali. Ele vê o passado e o futuro, interage com espíritos, lê as emoções, altera seu corpo (com força, velocidade, cura ou mesmo dor) e sente tudo com uma acuidade sobrehumana. As vezes ele divide isso com outros...

Organização: Apesar de sua natureza aparentemente inexistente, esse Culto de Cronos pratica a organização tribal. Seitas de tântricos hindus, religiosos muçulmanos, hereges cristãos, curandeiros africanos e pagãos de descendência grega, celta e nórdica seguem seus costumes ancestrais, misturando-os com outras seitas para produzir um híbrido desvairado. Sh'zar e seus Divyas (mestres) presidem o grupo, instituindo seus provérbios: o Código de Ananda. Esse Código fornece moralidade e estabilidade à multidão. O Código declara que todas as coisas são milagrosas; encoraja a responsabilidade pelas suas ações e a cura de ferimentos antigos; protege os mortais da Iluminação forçada; nega a inevitabilidade da profecia; determina punições para aqueles que machucam outros; admite a existência do medo, mas o priva de seu poder; e aconselha os Videntes a evitar o ódio e alimentar o humor.
 SOLIDIFICATI
Uma pessoa Desperta usa uma coroa. Como a auréola de um santo, esse diadema brilhante demonstra a ajuda de Deus. Para conquistar essa coroa, um magus precisa olhar através das aparências falsas, dominar a Arte da Transformação e refinar-se do barro ao ouro. A alquimia, a Arte da Transformação, lida com o apuramento de materiais básicos para um estado superior. Mortais "orgulhosos" tentam transformar chumbo em ouro, mas o alquimista verdadeiro quer transformar a si mesmo. Embora essa missão envolva disciplinas materiais, esses
refinamentos são como os primeiros passos no Caminho Real. Os alquimistas Solificati têm seu nome em razão da coroa do domínio. Esses "Coroados" demonstram suas realizações com orgulho — com orgulho demais para algumas pessoas — mas eles têm esses direito. O caminho para suas fileiras é longo e tortuoso, cercado por dragões de cobiça, ignorância e instabilidade material, A chama do gênio pode tornar-se uma tocha (ou uma explosão) muito facilmente.
Essa Trilha começa no Cálice de Isis, com as Artes de Hatshepsut, que cobria suas bochechas com ouro que fazia a partir de areia. Brilhando como o sol, ela ensinou a seus melhores alunos como refinar a poeira resplandecente. Ela dizia que, assim como a areia humilde transforma-se em ouro puro, o pupilo mais inexperiente poderia, através da sabedoria, tornar-se um mágico — e mais. Para proteger seus segredos, ela os ocultou em hieroglifos misteriosos — figuras tão simbólicas que mesmo os mestres escribas não conseguiam decifrá-los. A rainha repassou os segredos para 10 de seus Portadores do Cálice mais confiáveis, pedindo aos magí que se aperfeiçoassem como a areia.
Naturalmente, esses segredos se disseminaram para lábios menos confiáveis. O conhecimento de Hepatopse logo misturou-se às descobertas de mágicos taoistas, magos Herméticos, rabinos judeus, oráculos pagãos e místicos cristãos, criando uma Arte estranha capaz de condenar ou divinizar com igual sucesso. Para aqueles que procuraram a alquimia com intenções gananciosas, a Maldição do Ouro transformou sua fortuna em ruínas; para aqueles que buscavam o Caminho Real do autoaperfeiçoamento, a alquimia concedia riquezas,
Iluminação e imortalidade.
Ao longo do caminho, os alquimistas refinaram curas maravilhosas, minérios magníficos e uma linguagem de símbolos tão rebuscada e complexa que mesmo seus mestres compreendiam-na apenas parcialmente. Um grupo desses mestres, a Guilda do Leão Branco, reuniu diverseitas de Altos Artesãos; essa aliança auspiciosa da "Guilda Dourada" levou os
Maçônicos de um conjunto de casas a uma Ordem de grande escala. Pouco depois, o duque Leão Branco Luis de Varre uniu sua guilda a diversas outras escolas alquímicas. Dando ao resultado o título de "os Coroados", ele ajudou a estabelecera Ordem da Razão. Isso não iria durar muito tempo. Os alquimistas, acostumados a auto-suficiência, rebelaram-se contra a "interferência" das outras convenções.
Os  Solificati deixaram a Ordem logo depois de sua fundação e rapidamente desintegraram-se em facções conflitantes. O resultado foi uma série de guerras destrutivas — guerras que terminaram quando o Diplomata Luis liderou os Coroados de volta ao Caminho Real. Agora uma Tradição, os Solificati mantêm sua independência enquanto trabalham visando um objetivo maior.
Para estranhos, um Solidifica parece arrogante e introspectivo. Sua pesquisa parece ser mais importante do que as graças sociais, e muitas vezes ele fala através de charadas e procura por significados ocultos. Se for minimamente competente, esse magus cerca-se de bens mundanos — com o que ele parece não se preocupar. No entanto, por trás dessa fachada, o alquimista é um vidente que luta contra sua própria cegueira. Para ele, o mundo é uma trama de símbolos, atormentadora em sua complexidade, mas simples se souber onde e como procurar. Seus costumes enigmáticos são um desafio para os outros: ver além do óbvio. Ultrapassar seus limites. Quebrar o ovo da serpente e cortar sozinho os dentes de Ouro boros. Apenas então você poderá chamar-se "magus".
Filosofia: A mágika é um símbolo do auto refinamento. Embora ela conceda grandes poderes, essas jóias não são nada comparadas ao processo espiritual. Tudo na Criação é parte desse processo (as estrelas, os minerais, os espíritos, os animais) e reflexo da verdade cósmica; todo objeto tem um estado superior. O mundo é orgânico, coberto de infâmia que, quando refinada, revela a Divindade. Esse refino representa o maior dos desafios; ele exige sabedoria, educação, intuição e um equilíbrio entre os elementos interiores e exteriores. A perfeição de uma pessoa leva todos à perfeição. As coisas materiais são vazias no final das contas. Uma pessoa precisa ser generosa como o poeta, honrada como a chama e valente como o leão. A Pedra Filosofal verdadeira não é nem mesmo uma pedra — é o espírito que vive para sempre.

Estilo e Ferramentas: Ao contrário dos Herméticos com os quais se assemelham, a maioria dos Solificati é calma e paciente. Em laboratórios repletos de livros, queimadores, tabelas astrológicas e produtos químicos estranhos, eles transformam a matéria mundana em objetos maravilhosos. Chumbo em ouro é apenas o começo. Suas poções, pós, Metais Verdadeiros e chamas estranhas são menos intimidadores que as tempestades incontroláveis de seus companheiros Herméticos, mas se usados com sabedoria, podem ser igualmente eficazes. Tratados com descaso, levam a catástrofes. Entretanto, esses brinquedos são apenas uma enganação; a mágika verdadeira aparece na consciência, nas percepções e faculdades expandidas que um bom alquimista alcança. Seus sentidos, mente e resistência alcançam níveis sobre-humanos; ele é capaz de ver o passado e o futuro, curar-se, até mesmo ler pensamentos e emoções. O magus torna-se seu próprio foco; desde que possa concentrar-se em suas experiências, seus sentidos se aguçam. Alguns Coroados chegam a tornar-se um rebi — hermafroditas que misturam elementos masculinos e femininos em um todo perfeito. O emissário escolhido a dedo pela Tradição para a Primeira Cabala é um desses rebis, formados a partir da união de dois magi.

Organização: O diplomata Luis evita os erros do passado. De modo geral seus Solificati ficam livres para cuidar de seus próprios projetos. Nessa época um alquimista é julgado por suas realizações e conhecimento, não por seu título em alguma hierarquia desprezível. O aprendizado é essencial, mas após a graduação todo Coroado é igual — desde que possa demonstrar seu valor. Muitas vezes deixa-se que os magi resolvam suas disputas (preferencialmente através de certames, não assassinatos). Por mais escandaloso que seja, esta Tradição reverencia a igualdade entre homens e mulheres. Para eles a compreensão é mais importante que o decoro.
 https://sites.google.com/site/magocruzadadosfeiticeiros/guerra-ao-longo-da-trilha/conselho-dos-nove/solidificati








0 comentários:

Postar um comentário

 
Wordpress Theme by wpthemescreator .