Para os europeus, os sonhos vêm de inspirações, uma visita da rainha Mab conferindo algum tesouro esquecido. Para o xamã que viaja meio mundo para estar no Conselho, o sonho é uma realidade, uma porta para um plano superior em que deuses falam diretamente com os homens. No espaço entre eles, os Oradores dos Sonhos constroem suas casas e desenham seus símbolos. Nenhuma sociedade entende os caminhos espirituais como esse grupo estranho.
A saga do povo dos Sonhos é nova, embora antiga. Antigamente, os homens e mulheres conheciam Iwa tão bem quanto conheciam uns aos outros. Os animais falavam, os fantasmas caminhavam e os próprios elementos ofereciam presentes aos sábios. Entretanto, o orgulho e a ignorância despedaçaram o mundo, e os Caminhos do Sonho foram perdidos por todos, exceto um punhado de pessoas.
Enquanto a maioria dos homens sofria sob o sol escaldante ou em selvas terríveis, os mais astutos caminhavam no Sonho e mantinham as promessas antigas. Para seus amigos mortais, essas pessoas morriam, mas retornavam com segredos estranhos e terríveis; para Iwa, esses xamãs renasceram na verdadeira Trilha da Humanidade — um Caminho do Sonho que incitava o conhecimento, o respeito e poderes assustadores. A maioria dos xamãs mantiveram-se isolados; mesmo nas menores tribos, esses místikos trilharam um caminho solitário. De vez em quando, um pupilo seria Chamado e um ancião o ensinava; exceto por isso, os curandeiros e as sábias cuidavam de fogueiras silenciosas, reunindo-se apenas quando fosse necessário.
As tempestades por vir provocaram essa reunião — um reunião diferente de todas as outras. Os espíritos avisaram que a tempestade estava chegando, um cataclisma tão grande que tudo seria arrastado. Através do Sonho, Iwa abria passagens, invocando seus escolhidos em direção a um novo Caminho. Alguns xamãs encontraram Nightshade, a mulher abençoada por espíritos, que conquista seu apoio à causa do Conselho; outros encontram uns aos outros em visões. Os Sonhadores vêm de terras distantes. O que encontram quando chegam ao
conselho é ao mesmo tempo admirável e terrível.
malícia e a ganância não são estranhas para esses viajantes, mas poucos cultivam esses vícios tanto quanto o povo pálido. Agora os espíritos gritam como doentes, e sua corrupção é algo terrível de ser testemunhado. O pior de tudo, esse povo pálido está vindo como gafanhotos para devorar as terras do Povo dos Sonhos. Esse é o centro da tempestade. Algo precisa ser feito! Aqueles-que-Falam-com-Sonhos são um grupo muito variado, reunidos de milhares de terras diferentes e amontoados numa única Tradição. Os tons escuros de sua pele e os sons estranhos de sua língua levam os outros magi a uni-los por suas Artes do Espírito, então deixam esses "Oradores dos Sonhos" intrigarem-se uns com os outros. Felizmente, homens e mulheres de grande visão e sabedoria logo criam uma língua, um protocolo e um propósito único. Entretanto, esse trabalho dura anos e deixa os Oradores dos Sonhos irritados e envergonhados.
Nenhum está contente com o estado atual das coisas. O Sonho antigo torna-se amargurado; uma nova visão precisa mantê-los unidos.
Todos os Oradores dos Sonhos são unidos pela visão; um homem que não caminhou verdadeiramente nas Trilhas do Sonho não Despertou. Todos eles sacrificaram algo importante — família, saúde, segurança, conforto — pelo "privilégio" de criar esse grande Conselho. Alguns xamãs vêm das selvas, das montanhas e das planícies intermináveis da África; as florestas
do Novo Mundo enviam seus filhos para as terras pálidas anos antes de Colombo "descobrilos". Um grupo estranho vem de um lugar do qual ninguém jamais ouvira falar, um lugar em que o mundo dos Sonhos e o mortal são o mesmo. Nórdicos pálidos dão aos "xamãs" seu nome europeu. A Tradição do Espírito abraça todos e pensa como conviver com eles mais tarde.
Filosofia: Este mundo está vivo e é mais rico do que você pode imaginar. O Sonho o ajuda a compreendê-lo melhor. Você nunca deve pensar que já viu de tudo. Os espíritos são infinitos, assim como todos nós. Eles também são traiçoeiros; os espíritos o tentam com poder. Não lhes dê atenção. Um homem ou mulher que foi Chamado para uma visão pode evitar suas armadilhas e caminhar no Bom Caminho do respeito e da harmonia. Nenhum de nós pediu para ser o que somos, mas vamos suportar isso alegremente se nosso sacrifício evitar que as pessoas se machuquem.
Estilo e Ferramentas: As Artes do Espírito não são "mágika" — a mágika é um truque dos mortais. A medicina é o Caminho do Toque; ele cura, altera e às vezes fere. No entanto, mesmo um Orador dos Sonhos guerreiro respeita os espíritos; para ele, estes são seus mestres, não seus criados. Com provações, invocações, transes e oferendas, o povo dos Sonhos relaciona-se com os espíritos da natureza. Muitos adotam animais de totens, que se tornam seus amigos ou mesmo nos quais eles se transformam. O toque exótico desta Tradição vem de seus rituais simples, mas poderosos, seus modos primordiais e seu respeito pela Terra viva. Conforme transcendem o mundo material, esses magi beijam os espíritos e caminham nos Outros Mundos.
Organização: Os Oradores dos Sonhos evitam títulos do Conselho e freqüentemente convivem com povos familiares. Ao redor de suas próprias fogueiras, os xamãs valorizam os jovens, respeitam visionários bem-sucedidos e reverenciam os anciões. Até agora eles não têm títulos comuns para esse povo — uma pessoa simplesmente reconhece quando alguém merece
seu respeito. A maioria das disputas são resolvidas por debate perante um conselho de anciões; cada lado tem o direito de falar e os anciões decidem em seguida. As punições normalmente são leves, mas a traição ou a corrupção certamente são sentenciadas.
A ORDEM DE HERMES
O estrondo de um trovão anuncia a chegada do Magus Rex, o Alto Mágico que comanda as Artes mais brilhantes da feitiçaria. Por mais de 500 anos, a Casa de Hermes reinou como a ordem mágika suprema na Europa. Agora bárbaros batem nas portas das Capelas poderosas e os mais selvagens entre eles parecem ser os próprios aliados dos Herméticos. Como as coisas chegaram a esse ponto?Diversas guildas Herméticas arrastaram-se das ruínas de Roma; elas lutaram até que dois visionários estabeleceram a Pax Hermética e criaram uma Ordem de 12 Collegia (Casas) distintas. Como o Conselho que ela prenunciou, essa Ordem determinou protocolos, terminologias, títulos e discursos sociais. Fortalecidas dessa forma, as Casas progrediram ao ponto de determinar o pensamento mágiko por toda a Europa.
Diversas guildas Herméticas arrastaram-se das ruínas de Roma; elas lutaram até que dois visionários estabeleceram a Pax Hermética e criaram uma Ordem de 12 Collegia (Casas) distintas. Como o Conselho que ela prenunciou, essa Ordem determinou protocolos, terminologias, títulos e discursos sociais. Fortalecidas dessa forma, as Casas progrediram ao ponto de determinar o pensamento mágiko por toda a Europa.
Originalmente, a Ordem de Hermes era uma confederação de 12 Casas unidas sob o Código de Hermes, um compartilhamento de Artes e do Enochian, uma linguagem mágika secreta. Uma mistura de Artes egípcias, segredos hebreus, conceitos gnósticos e filosofia e ciência grega, o estilo Hermético de mágika dava ênfase ao aprendizado, ao ofício e à vontade. A chave para o pensamento Hermético é a perseverança; um homem ou uma mulher com conhecimento, raciocínio e vontade suficientes seria literalmente capaz de mover a Criação, precisamente o que os Altos Mágicos fizeram...
Até Mistridge.
Ninguém deu muita importância ao fato na época. Não era nem a primeira nem a última Capela a cair. A maioria dos Herméticos estava ocupada demais preocupando-se com vampiros (que haviam corrompido a Casa Tremere alguns anos antes) ou magos rivais (na Igreja e em terras pagas) para incomodar-se com a revolta dos Maçônicos. Foi um descuido fatal. Quando a Ordem da Razão começou sua perseguição, os Herméticos se apresentavam como um alvo enorme — e com excesso de confiança. Mais do que qualquer outro grupo, eles sentiram o calor dos canhões e o açoite do Castigo. Sua situação incômoda levou um mestre outrora desconhecido, chamado Baldric LaSalle, a interromper as hostilidades em relação aos bruxos e Cantores cristãos. Com a aprovação do Judicium Hermes (Tribunal de Hermes), ele iniciou um projeto que culminaria na Grande Convocação — um projeto impossível sem os recursos e influência da Ordem Hermética.
Para unir seitas tão diferentes sob uma liderança Hermética, a Ordem propôs as Esferas e os títulos. Mas embora as novas Tradições aceitassem esse plano, elas negaram ingratamente à Ordem sua autoridade por direito. Em vez de um Conselho liderado pelas 12 Casas e seu Tribunal, as outras seitas exigiam agora uma única Tradição que englobasse todas as 12 Casas em uma — e além disso uma que fosse igual às outras Tradições! Nenhuma questão causa mais discussões, inicia mais duelos e provoca mais intrigas que a consolidação das Casas Herméticas. O mestre La Salle, louvado como era, ganhou muitos inimigos entre as Casas em razão disso. Embora os magos apreciassem seus aliados e encorajassem a
troca estimulante de ideias e Artes, era preciso considerar sua tradição. As Casas de Hermes eram as primeiras entre muitas — e muitos magos planejavam manter as coisas dessa forma!
Entre si, alguns Herméticos se perguntavam se juntar-se à Ordem da Razão seria possível. Afinal de contas, ambas as Ordens exigiam disciplina, discrição, aprendizado e uma paixão pelo conhecimento; ambas acreditavam que uma pequena elite deveria guiar e proteger as massas. Embora essa idéia incitasse discussões revoltadas, alguns Herméticos queriam "melhorar os Dedaleanos por dentro" — ou pelo menos lidar com eles a partir de uma posição forte. Afinal, a força é a marca de um magus — força de vontade, força da mente e força de propósitos.
Mesmo agora, as Ordem Herméticas comandam poderes tremendos: vastas fortunas; laços fortes com mercadores e estudiosos; os maiores arquivos; a melhor organização; os aliados mais fortes e a Capela mais poderosa — Doissetep. Embora alguns Herméticos sintam que sua importância esteja diminuindo, a maioria vê o futuro apenas como mais um desafio numa vida repleta de desafios. A Ordem irá prevalecer!
Filosofia: O desafio define o magus. Um mago verdadeiro não recua perante as dificuldades — ele as abraça, as transcende e as supera com suas Artes e sabedoria. Em cima da mesma forma que embaixo. Glorioso seja o artífice que saiba isso, que ao falar traga o Céu à Terra e eleve a Terra ao Céu, e que dessa forma ocupe o vazio entre eles. Ele pode verdadeiramente chamar-se Desperto.
Estilo e Ferramentas: Uma Arte fascinantemente complexa de sinais, símbolos, correspondências, pactos, linguagens, rituais e encantamentos saúdam alguém que deseje aprender os Mistérios Herméticos. Os rituais intricados que definem a Alta Mágika aguçam a mente e criam laços entre coisas que não podem ser rompidos facilmente. Um mestre em tais Artes tece grandes magikas — comandos dementais, invocação de espíritos, tempestades de fogo e castelos de gelo — assim como encantamentos mais sutis — talismãs, adivinhações, traduções e coisas do gênero.
A doutrina Hermética ensina a mágika em três estágios: goetia (rituais menores), theurgia (união com formas divinas) e magia (Alta Mágika). Através de textos obscuros e rituais complexos, o artífice da vontade desenvolve uma compreensão do reino do pensamento puro, então transforma-se através de seus princípios. Esse processo infindável é arcano, perigoso e secreto. Aqueles que buscam essas verdades precisam demonstrar seu valor através do aprendizado, da política e da sorte.
Organização: Collegia diferentes especializam-se em campos diferentes: Bonisagus (pesquisa), Flambeau (guerra), Mercere (comunicação), Quaesitor (direito e segurança), Tytalus (recrutamento) e Verditius (Tesouros Mágikos). O sétimo Collegium, Ex Miscellanea, existe como um grupo diverso agrupando quatro Casas menores: Criamon (videntes), Jerbiton (arte), Merinita (as fadas) e Bjornaer (místikos dos animais, agora unindose aos Verbena). Todos os Collegia valorizam a disciplina, a formalidade, a discrição e a hierarquia rígida. O Código de Hermes e sua Corrigenda Periférica ditam as formas adequadas de comportamentos, modos de tratamento, procedimentos de certame e todas as outras formas imagináveis de interação. Os títulos do Conselho seguem uma versão simplificada do estilo Hermético (cinco títulos em vez de dez).
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